Teremos Eleições Legislativas ou entrevista de emprego para Primeiro Ministro?

Debate Socrates vs Portas

Porque as Eleições Legislativas estão transformadas em entrevista de trabalho para Primeiro Ministro, e os entrevistadores também têm direito às suas escolhas ideológicas, o esclarecimento só surtiria efeito se os candidatos tivessem sido questionados um a um, e sempre por mais de um entrevistador.

Entevistas deveriam ter sido também feitas aos outros todos que pretendem ser Deputados da Nação e nossos representantes para uma Assembleia que será Constituinte.

Hoje tivemos o primeiro frente-a-frente entre o actual Primeiro Ministro e candidato a deputado pelo Partido Socialista e o Dr. Paulo Portas, também candidato a deputado.

A oposição transformou a sua estratégia eleitoral num ataque ao homem, com o único objectivo é desacreditar o portador da mensagem. Sobre politicas propostas, muito pouco se fala.

O programa de governo que for escolhido vai determinar como será distribuída a riqueza no próximo período legislativo:

  • Se entregue às iniciativa privada para ser re-distribuído conforme as regras próprias da gestão de empresas;
  • Se investido directamente pelo próprio Governo na forma de equipamentos sociais ou outros de beneficio geral.

Os assuntos relativos aos investimentos e economia são tão complexos, que ameaçam fazer cabelos brancos a Professores Doutores de Economia, Engenheiros Civis, e outros tantos que os discutem.

A barreira de fumo está tão densa que se torna difícil para mim compreender se a oposição é contra os investimentos públicos por não concordar, se por não ter ser dela a iniciativa.

Temos um verdadeiro cenário de escolha multi-critério, mas que ninguém defininiu as regras à partida, pelo que o resultado será o de um concurso de popularidade.

O que aprendi com Manuela Ferreira Leite

Grande Entrevista - 2009-08-20 - Manuela Ferreira Leite

Com a entrevista de Manuela Ferreira Leite ontem na RTP e com o que disse até agora aprendi várias coisas que passarão a fazer parte da minha formação:

  1. Posso dizer que não tenho informação suficiente para propor os meus objectivos, mas acusar o meu opositor de não ir conseguir o que ele já se propôs fazer;
  2. Quando chegar a uma posição de poder, devo acabar com qualquer voz que não esteja de acordo com o que eu digo;
  3. Para calar os meus opositores mais vocais, uma vez que não posso fazer-lhes concessões a eles por ficar politicamente fragilizado, concedo aos seus familiares;
  4. Porque não posso falar com ligeireza dos casos menos claros dos meus colaboradores mais próximos, recuso-me a comentar os dos meus adversários;
  5. Se me pedirem um programa de governo para 4 anos, recuso-o até à última hora e ameaço entregar apenas uma folha A4.

Realmente no meio disto tudo parece-me lamentável é:

  1. Que aos funcionários públicos que dependem hierarquicamente do poder político seja exigido o estabelecimento e cumprimento de objectivos num meio que não controlam a iniciativa ou ambiente em que terão de os cumprir.
  2. Que se acuse Portugal de estar asfixiado democraticamente, mas seja o próprio inquisidor fechar a boca de quem democraticamente se pronuncia.
  3. Que quem se recusa a formar governo para garantir o funcionamento do país, admita formar listas com familiares dos seus opositores para garantir o seu sossego.
  4. Que quem acusa alguém que nem foi indiciado pessoalmente, mantenha quem se recuse a prestar provas períciais em caso em que está indiciado.
  5. Que um politico não entenda que é a nós que têm de prestar contas e nos trate com sobranceria e ameaças de nada fazer até lhe ser dado o cheque branco.

Bolo de chocolate no Microondas

Bolo de chocolate no microondas

As minhas colegas têm destas coisas: Quando é para celebrar tem de ser com bolo.

Trabalhar num escritório não deixa muitas possibilidades culinárias, pelo que os bolos ou se compram ou se inventam.

Fazer um bolo no escritório é uma questão de haver microondas e vontade.

A receita original chegou no Natal, mas a versão que apresento é a de Verão e por isso veio acompanhada de gelado.

  • 1 barra de chocolate para culinária de 200gm;
  • 6 ovos;
  • 100gm Manteiga;
  • 100gm Açucar;
  • 100gm Farinha;
  • Gelado de nata; e
  • Frutos silvestres.

Derreto o chocolate no Micro ondas dentro de uma taça.

Na mesma taça, vou juntando os ovos, a manteiga, a farinha e o açúcar enquanto misturo.

Levo o preparado ao Micro ondas durante 4 minutos a 600 watts. Et voilá!

O interior do bolo deve estar encruado e de preferência escorrer o chocolate para fora.

Serve-se com uma bola de gelado e frutos silvestres.

A loiça nas fotos foi a que se pode arranjar no escritório e é mesmo de plástico.

update: Esta receita também é da patroa.

Serviço Público

O debate do dia vai estar muito em breve em saber se os canais de televisão prestam ou não serviço público e o cumprem ou não, e se o fazendo, cumprem com a lei. A silly season predispor-se-á a isto e a muito mais.

Mais uma vez José Pacheco Pereira vem interceder por nós simples mortais, agora com a preocupação de querer salvaguardar os politicos de primeira de todos os proto-presidentes de junta que queiram tempo de antena nos meios de comunicação social.

A resposta não se fez esperar e foi directamente do produtor ao consumidor: uma vogal do concelho regulador, a Prof. Doutora Maria Estrela Ramos Serrano Caleiro fez questão de lhe dar pessoalmente com a luva branca, mas vai tarde pois a blogocoisa já pegou na deixa e segue para a sillyseason a todo o pano.

A ERC (Entidade Reguladora para a Comunicação Social) veio assim vincar onde a discussão será centrada, com a preocupação da salvaguarda da democracia pela igualdade de acesso à pluralidade de ideologias politicas em período de eleições através da directiva 2/2009 de 30 de Julho (PDF).

A lei consagra o estatuto de utilidade pública a instituições tão dispares (não confundir com disparates) como a igreja e os clubes de futebol e por isso à Comunicação Social, e principalmente às televisões, pelo seu poder natural, não chegará ser útil. Têm também de ser justas e isentas.

O verdadeiro serviço público que as televisões prestam neste momento é o de afastar as pessoas da utilização passiva da caixa e empurrá-las para as actividades mais sociais, como a troca de ideias mais simples e em 140 caractéres no Twitter, mas também por trocas mais aprofundadas nos blogs e mesmo nas colunas de opinião dos jornais impressos. A discussão no Twitter em torno do Prós-e-Contras é exemplo disso.

Mas da discussão sobre o serviço público e da televisão do estado nada de bom sairá para os telespectadores ou para os quadros da televisão pública se as partes, quero dizer os interessados, instrumentalizarem os canais de televisão concedendo espaço de opinião desequilibradamente.

O perigo será o aparecimento de novas cabeças pensantes que tentarão mais uma vez a teoria da privatização de mais um serviço público.

No meio das desigualdades de tratamento dos canais privados voltaremos a ter certamente a discussão se a RTP deve ou não ser privatizada, removida a publicidade e outros para criar a fumaça que apagará da memória as incorrecções desses canais privados.

  • Se optarem pela opção de retirar a publicidade à RTP, preparem-se pois que pelo dinheiro que se passará a poder pagar aos colaboradores na emissora pública, terão de pôr a Amiga Olga Cardoso para apresentar a Praça da Alegria.
  • Se por outro lado se rifar a RTP aos privados, eliminando totalmente o canal generalista, podemos ter de seguro que a guerra de audiências vai subir de tom, pois que havendo o share de publicidade do canal público para dividir entre os privados, haverá dinheiro para mais programas de qualidade duvidosa.

Para a história ficam os marcos de qualidade de conteúdos como o BigBrother e o Masterplan com que os canais privados nos premiaram.

A discussão voltará, vos garanto, e mais uma vez teremos as barricadas levantadas:

  • Por um lado os intelectuais de esquerda, a que agora chamam esquerda do caviar, fingindo estar do lado dos funcionários e dos cidadãos da RTP, que têm na televisão pública o único cliente certo das suas produtoras caducas com filmes tipo “Branca de Neve”.
  • No canto oposto do ringue teremos as empresas privadas e os seus delfins, estes dizendo estar também do lado do cidadão e dando conta dos excessos das anteriores direcções da estação pública feitos com os dinheiros dos seus concidadãos.

E nada mais natural numa guerra do que matar o mensageiro por não se gostar do teor da mensagem.

Ervilhas com ovos escalfados

As ervilhas no tacho já com os ovos. Daqui a 1 minuto é por no prato.

Aqui está mais um prato que as crianças dispensam na sua ementa, mas pela qual os adultos se pelam: Ervilhas com ovos escalfados.

Tal como as favas à lisboeta, podem juntar algum arroz branco à refeição para que as crianças almocem. A minha mãe a nós dizia-nos: “Se não gostas, comes mais.”

Viviamos num passado em que dizer que não se gostava de um qualquer prato não era boa educação. E ainda bem.

As ervilhas como as favas têm a sua época no ano, mas com estas, como com as favas, o que conta é comprá-las frescas para as poder apreciar e armazenar com essa sua frescura.

Os ingredientes para 4 pessoas:

  • 1 kg de ervilhas (sem casca)
  • 1/2 cebola média
  • 2 dentes de alho
  • 1 chouriço de carne
  • 1 chouriço mouro
  • 1 farinheira
  • 150 gm de entrecosto
  • 4 ovos
  • 4 colheres de sopa de azeite
  • 1 dl vinho tinto ou branco (vai com os gostos)
  • 1 ramo de coentros
  • Rama de cebola

Cá em casa, que somos uma cambada de gulosos, cozinhamos logo duas farinheiras na esperança que sobre para juntar a uns ovinhos mexidos de petisco.

A ciência é pouca:

  1. Pico a cebola para dentro do tacho com o azeite e junto o alho e a rama de cebola;
  2. Junto os chouriços cortados às rodelas, o entrecosto cortado aos bocados toscos e a farinheira e ligo o lume.

Para que não rebente, mas deixe sair o seu molho, faço pequenos furos com a ponta da faca na farinheira.

A rama de cebola que junto é um aproveitamento, como outras coisas na cozinha. Da cebola com rama corto a parte mais tenra que congelo para estas ocasiões.

O primeiro apertão inicial não é um refogado propriamente dito, mas vai permitir as carnes deixarem os seus molhos e temperar naturalmente tacho.

Retiro a farinheira para fora para juntar as ervilhas e o vinho, e volto a colocar a farinheira no tacho.

Não ataquem as ervilhas dentro do tacho com uma colher. Elas desfazem-se e perdem toda a graça. Revolvam o tacho com ou sem tampa.

Quando levanta a fervura, baixo o lume e tapo para aproveitar os vapores.

Vou volteando o tacho para que cozinhem igualmente, sempre retirando e voltando a pôr a farinheira para que fique sempre por cima.

Perto do fim, junto o raminho de coentros.

No fim, quando as ervilhas estam cozinhadas, retiro a farinheira pela última vez e coloco os ovos para escalfar.

Pessoalmente prefiro os ovos mal passados, por isso em menos de 1 minuto está pronto a servir. E é isto.

Corto a farinheira à parte para dividir e sirvo com pão de centeio, muito pouco arroz branco e vinho tinto. Um Monte Velho ou outro alentejano razoável.