O Papa, a situação financeira de Portugal e as festas com o dinheiro dos contribuintes

O sumo Sacerdote da minha Religião, que acumula funções como chefe de estado do Vaticano, nesta altura de aperto económico, no que me toca a mim, escusava de cá vir visitar-me.

Não tenho nada contra o senhor e sei que vou pagar cara a minha afirmação, mas se estamos tão mal de dinheiro, qual é o racional para o recebermos nesta altura? Mais negocio para nós?

Trará paz de espirito e fé cristã, mas essa não precisamos agora, que o que está mal não se resolve com fé.

O que está mal são mesmo as finanças nacionais.

“Ah e tal, que as coisas do espirito também tem de ser tratadas para podermos tratar das outras.” – isto é como dizer que está certo tentar apagar um incêndio com boa vontade e pudim flan.

O Papa vem a Portugal à nossa conta porque nós deixamos e porque as finanças nacionais não interessam a ninguém.

Como disse Antonio Nogueira Leite no Programa de ontem da RTP “Prós e Contras”, a situação econômica do pais só aflige alguns membros de partidos da nossa democracia e a blogosfera, onde me incluo.

Eu próprio já afirmei que uma analogia é uma merda, mas na minha casa quando não há dinheiro, não convidamos visitas para jantar, e muito menos para festas que trarão mais despesa que lucro.

Estamos mal de finanças. Se ainda há negacionistas, que pensem quando foi a ultima vez que viram os lideres do PS e PSD a fazerem declarações conjuntas.

Se estamos mal de finanças, acusam os funcionários públicos e privados de improdutividade, que raio de exemplo é este de darem folga forçada a esta gente toda?

O senhor Padre vem cá, mas não vai ser sem mossa.

Ninguém quer saber quanto nos custa a visita? Quanto teríamos produzido na sua ausência?

Como sempre, valores mais altos se levantam, alguém dirá. Aceito, mas sejam claros quais são eles.

Se o que por aí se diz é verdade, que valores são esses que nos põem numa situação de gastarmos 12 milhões de euros em arranjos em Lisboa para receber uma visita?