Estímulos do Governo e os tugas

Primeiro querem estímulos. Depois de os receberem, dizem que governo gasta mal por estar a entregá-los a outros. Agora queixam-se que lhes tiram o estímulo. É a política tuga no seu melhor.

As empresas portuguesas são como aqueles gaiatos que quando crescem, acham que tudo o que o papá fazia é errado e que passariam muito melhor sem as decisões do papá, mas quando estão enrascados voltam para casa do papá a pedir ajuda.

Assim se comportam os nossos empresários, apresentando-se como responsáveis e atirando pedradas ao charco a favor de maiores facilidades para este ou aquele desígnio nacional que no deve e haver apenas os beneficiará a eles:

  • Mais facilidade a despedir para contratarmos mais facilmente;
  • Menos impostos para investirmos mais;
  • Mais desregulação, que nos governamos melhor sozinhos.

Que eles se governam , não é segredo, mas já se esqueceram que foram os mesmos que criticam que lhes deram a mão quando estavam para perder tudo.

Mas os cidadãos a título pessoal não são melhores. Vêem os estímulos que lhes são dados como obrigações.

As auto-estradas não portajadas geraram na altura da sua criação enorme polémica na oposição ao governo, na altura PS se bem me recordo.

As donzelas ofendidas eram então as mesmas que agora não querem que o governo acabe com o estímulo e passe a cobrar portagens.

Dizem agora que se eles vão pagar portagens, que todos devemos pagar, mas nunca os vi defender o seu contrário: “Como é possível não se pagar portagens aqui e pagarem os nossos concidadãos lisboetas?! Que anti-social!”

Mas nada disso. E eu, lá vou pagando o imposto diário para entrar em Lisboa, que aqui somos mesmo rijos e fortes, com ou sem estímulos.

Liberdade, jornais e comentários moderados

Aqui os comentários são livres. O software limpa automaticamente mensagens de SPAM, mas o resto tem tudo direito a tempo de antena.

A desculpa dos que não entendem que a liberdade deles acaba onde a dos outros começa é sempre a mesma: se lhes damos liberdade, fazem coisas inomináveis. E como exemplo lá vem a quantidade de asneiras que todos os dias se vai dizendo por essa Internet fora.

As pessoas dizem muitas barbaridades na Internet, mas dizem asneiras bem piores nas mesas dos cafés da Avenida de Roma e nem por isso se manda colocar moderadores nos cafés para escolher quem fala e quem pode dizer o quê.

Ninguém pode determinar o que cada um é livre de dizer, escrever ou pensar numa mesa de café, numa caixa de comentários ou num artigo de opinião.

E depois há aquelas coisas simples da vida:

  • A responsabilidade dos actos fica para quem os pratica.
  • Um crime por ser cometido em cima de um banco de jardim, não é diferente de um crime cometido na Internet.

Parem lá com as elaborações absurdas de legislação e as fábulas mal contadas sobre os crimes da Internet. Ofensas são ofensas, num jornal impresso ou na Internet.

Naturalmente que são livres de deixar que comentem ou não nos seus sites, mas moderar é escolher quem pode ou não comentar e o que pode ou não dizer. Escolher opiniões é censurar.

Moderar é escolher

A questão de moderar comentários não é de circunstância ou legalidade: é de principios e de política. Lembram-se destas coisas talvez dos vossos tempos de juventude?

José Pacheco Pereira vem agora com a ideia luminosa que os jornais permitem os comentários não moderados para fazerem mais dinheiro.

Não lhe passou sequer pela cabeça que os ditos jornais têm obrigações nas suas publicações que ele não tem e por isso se pode dar ao luxo de impedir comentários no seu blog?

Não consegue imaginar que pessoas sem formação cívica possam ter direito à opinião?

Não entende que quem dá errus 0rtográficus pode ainda assim saber o que quer dizer?

Não lhe passou pela cabeça que esse modelo de negócio fantástico baseado na escassez do meio que era o das distribuidoras de informação é um modelo esgotado?

Não saberá que o que os Page Views estão a aumentar aos jornais é a conta de alojamento e ligação à Internet? (A conta é algo que quem aloja de forma gratuita com o Sapo ou Blogspot não tem.)

Não lhe passou pela cabeça que impedindo ou moderando os comentários no seu próprio espaço, os seus leitores o iriam fazer para outro lado?

Os blogs não são jornais. Não se baseiam no modelo de falta, mas num modelo de nicho.

Os blogs de alguns senhores servem um nicho de leitores diferente do que defendo: Ou porque gostam da ideia de uma méritocracia, ou porque gostam da utopia da democracia sem mácula ou porque gostam mesmo de não ter a liberdade toda, mas uns tons menos vivos da mesma por não suportarem emoções mais fortes.

O meu blog e o de tantos outros serve nichos próximos de leitores que gostam de dizer o que lhes vai nas entranhas, mas não se querem dar ao trabalho de fazer um blog só para vos contradizer.

Os Abrantes, as falácias e a desumanização do opositor

A blogosfera está a revisitar todas as tácitas das guerras passadas. Fá-lo ao desumanizar opositores atacando o seu carácter. Isto está a tornar-se principalmente visível na oposição ao Partido no Governo. Referem-se aos seus opositores como Abrantes.

A desumanização do opositor foi algo que sempre se usou em todas as guerras. Usam-nos para condicionar psicologicamente quem os ouve, garantindo-lhes a imunidade necessária aos actos que se seguem. Em Portugal esses actos têm servido para pisar direitos constitucionais e com isso tentar apoiar o ataque ao homem como uma forma de atingir a vitória politica.

Mas nem aí foram originais na sua proposta política. Apresentam-se perante nós apoiados em mais um argumento ferido na lógica, uma falácia. Em lugar de argumentarem ideias, apresentam-nos a lista toda de tipos de falácias possíveis.

Do Argumentum ad hominem (Ataque ao argumentador) ao Argumentum ad populum (Apelo ao Povo), passando pelo Post hoc ergo propter hoc (Por ser sequenciais, são causa e efeito)… é escolher daqui a falácia a gosto e ligar aos vários sites. Ideias, nem vê-las porque julgam os outros por eles mesmos e por isso receiam que lhes façam a eles o que aos outros fizeram. E se calhar têm razão para se preocupar.

Os militantes partidários são homens, e por isso é natural que entre eles haja dos que são melhores, dos que são menos bons e dos que passávamos bem sem eles.

Em todos os grupos de discussão existe o perigo de uma minoria altamente vocal (Leia-se “um grupo de gente histérica”) monopolizar 90% do tempo de comunicação e assim tomar de assalto esse fórum. Isto foi o que aconteceu ao nosso espectro politico.

A algazarra criada pelas vozes da histeria é tanta, que os valores melhores não se destingem na estática da falta de valor.

Se diminuírem o número de luminárias algazarrentas, talvez comecemos a ouvir mais as vozes da razão e menos as vozes da confusão.