Sou contra Greve Geral de 24 de Novembro de 2010, mas a favor daquilo que contesta

Por uma questão de coerência com o que digo há cerca de quarenta 25 anos, por convicção e por lógica não concordo com esta Greve Geral.

Concordo com o direito à Greve, considero que deva ser exercido, mas só deve ser usado depois de exploradas as restantes opções.

Nunca fiz greve e sempre resolvi pessoalmente as minhas questões com os meus empregadores, a bem ou a mal e antes de me pintar até a um canto sem saída.

Existem mais maneira de resolver um mesmo assunto, mas os Sindicatos mostram sempre a via da Greve.

Os Sindicatos continuam a funcionar no modelo “ou sim ou greve”, mas qualquer gestor se precavê transferindo os impactos da Greve para outros e diluindo-os com serviços mínimos, pelo que o único prejudicado será o trabalhador que fizer greve: fica sem o salário desse dia e na lista dos que fizeram greve.

O direito à greve é para exercer, mas se o utilizamos vezes e vezes sem conta perde todo o efeito.

O direito à greve é dos trabalhadores, mas tratando-se da ultima hipótese, caberia a sua decisão aos trabalhadores e não aos seus representantes eleitos. Não será intenção do votante assinar de Cruz qualquer merda que passe pela cabeça a qualquer momento da vida do seu representante, carecendo por isso o sistema democrático de salvaguardas desse direito. Esta afirmação seria aplicável a outras decisões pois o sistema democrático actual, baseado na capacidade tecnológica e conhecimento à data do seu estabelecimento, não se soube adaptar à evolução, mas isso fica para outra altura.

Ainda sobre os sindicatos, recordo que a cronologia dos acontecimentos para a marcação desta greve é diferente da que agora nos querem fazer querer. Na data em que as duas centrais sindicais convocaram a greve só se sabia que a votação do Orçamento Geral do Estado para 2011 seria no dia 26 de Novembro. Ainda não se sabia os contornos do mesmo.

Legitimidade Democrática para crianças

A legitimidade democrática em Portugal levanta-me muitas questões, desde a legitimidade democrática do líder associativo lá da rua, até à dos lideres dos nossos partidos políticos. Cheguei a estas questões, que pouco ou nada me alegram, por tentar explicar detalhes do nosso sistema democrático ao meu filho mais velho. No exemplo que lhe dei era assim:

  1. Uma ou mais pessoas candidatam-se para nos representar porque não é pratico falarmos todos ao mesmo tempo;
  2. Depois de eleitas, por controlarem a definição da regras, a informação e os seus canais, essas pessoas fazem o que lhes dá na telha;
  3. Essas pessoas são as mesmas que poderiam alterar as regras que as poderiam tirar de lá quando não cumprissem os pressupostos pela qual as tinham eleito.

Isto para crianças é assim:

  1. O pai oferece-se para coordenar as vossas vidas, mas quer que seja tudo legitimo e por isso deixa-vos votar;
  2. O pai promete pendas sem ter de ser Natal ou Aniversario;
  3. O de 3 anos vota no pai;
  4. O pai vota no pai;
  5. O de 7 anos vai com os outros e vota no pai;
  6. O pai põem toda a gente de castigo;
  7. O pai diz que a responsabilidade de estarem de castigo é deles, fica-lhes com os berlindes e as moedas que haviam nos mealheiros, tudo a bem de corrigir os graves prejuízos que a irresponsabilidade dos filhos causou.

A cara do meu filho mais velho foi igual à minha quando ouvi a falácia de que “os portugueses tinham vivido até agora acima das suas capacidades.”