Feliz aniversário

No passado dia 11 celebrou-se mais um ano da minha vida.

Não sou nenhuma senhora, mas por favor poupem-me a divulgar a minha idade.

Não porque não goste de ter 31 anos, mas porque na realidade se trataram de 31 vezes que tive de celebrar algo que nunca gostei muito. Não vejo grande diferença entre o meu aniversário dos 11 anos e este.

Nesse ano, e talvez por pirraça infantil, fiz questão de dar 11 erros no ditado da classe, recebendo a respectiva admoestação da professora que encontrava habitualmente apenas 1 a 2 erros.

O caso é que desde pequeno é mais uma obrigação para mim ter de receber os meus amigos e conhecidos que outra coisa.

E se na altura me angustiava e só conhecia algumas pessoas, imaginem o estado angustiante em que me encontro agora a cada aniversário.

Na realidade, e nesse ano, para minha desgraça lá tive de receber todos os que queria realmente e aqueles que se não convidasse poderiam não achar por bem uma vez que me haviam convidado a mim para as festas deles, às quais acabava sempre por ir pois me era dito que não se devia de fazer a desfeita.

E no meio desta pescadinha de rabo na boca acabava sempre por aparcer mais alguém, em acompanhamento de um outro que por acaso tinha acabado na lista de convidados por ser vizinho ou filho de algum amigo dos meus pais.

O que me angustiava mais era saber que todas estas crianças iriam ter acesso aos meus preciosos brinquedos.

Não era que eu não tivesse por hábito convidar os meus amigos para brincar. Mas esses eram escolhidos a dedo enquanto se comportavam conveninentemente, entenda-se não partiam nada, e corridos a pontapé logo que o fizessem.

Na realidade tive a sorte de reunir junto a mim um grupo de amigos, daqueles de que se costuma dizer que foram poucos mas bons, os quais sempre souberam estar à altura dos planos elaborados que elaborávamos em conjunto para os muitos legos de que era proprietário.

O problema eram os amigos do meu querido, e por quem sempre nutri um amor cuidadoso, irmão.

Esse sim era um terror, e fazia questão de destruir fosse o que fosse que se colocasse ao seu dispor. Infelizmente estes sentimentos violentos foram fomentados por mim e pela minha querida irmã, conspiradora de causas comuns no que tocava a segregar o ervilha, que por diferenciar de mim 4 anos, não dispunha, na nossa opinião, das mesmas capacidades que nós para participar nas nossas intricadas novelas domésticas com que nos deleitávamos nos fins de tarde após as aulas.

Por isso tudo, desculpa irmãozinho, mas tu vingaste-te sempre que pudeste, mas isso fica para outra história.