A loucura dos quarenta

Em Janeiro celebro os meus quarenta anos de vida.

Ao contrário de outros humanos mais estereotipados do sexo masculino, não tenciono comprar uma mota e juntar-lhe uma loira com metade da minha idade.

Penso em celebrar este dia na companhia da minha mulher degustando o que de melhor haja para a mesa em Portugal e possa ser servido a um casal nos seus primeiros ‘entas:

  1. Abria com um leve e enrabichado almoço acompanhado de algum vinho branco.
  2. Passava por um lanche de pratitos de ovinhas e orelha de porco bem aportuguesados e acompanhados de umas ‘jolas fresquinhas e desprovidas de preconceitos.
  3. Fechava num restaurante japonês de escolha para me encher de Sushi até deitar por fora.

Por outro lado, a ideia de fazer uma festa de partir a moca não deixa de fazer sentido na minha cabeça. Afinal é a partir dos quarenta que:

  • Pagamos a conta pelas nossas acções e decisões passadas;
  • Perdemos a rigeza física que até aí nos caracterizou;
  • Passamos de jovens excitados com excesso hormonal a velhos porcos.

Trata-se por isso da ultima oportunidade para contrair dividas futuras com a vida enquanto ainda temos capacidade de pagar.

A falta de experiência por 20 anos de bom comportamento estão a tornar difícil imaginar mais que alguma loucuras relacionadas com bebida e stripers.

Será que é a este constante pensamento de “não sei que fazer” que chamam andropausa?

Risotto de polvo

Prato com Risotto de polvo

Risotto não é mais que o nome dos italianos para uma bela pratada de arroz com uma estratégia de confecção para muita paciência e atenção.

Em Portugal chamamos-lhe simplesmente arroz, e temos muitos, sendo os baseados em marisco e peixe os que foram dando mais nome ao sul de Portugal.

Há muitas receitas de risotto, mas foi através de um livro Jamie Oliver é que realmente decidi pegar e tentar pela primeira vez.

Já tinha visto o desgrenhado inglês na televisão a pegar nos ingredientes e a tentar desmistificar a ideia que temos de que toda a cozinha inglesa se resume ao Fish-and-chips, mas foi um grande amigo meu de apelido Conduto que me ofereceu o livro deste Jamie que me fez mudar de ideias.

O livro têm um conjunto de considerações e truques básicos para cada prato de confeção caseira, truques que servem de base a esta receita.

Ingredientes para 4 pessoas:

  • 1 kg polvo
  • 2 colheres de sopa de azeite
  • 1 cebola
  • 1 dente de alho
  • 1 caneca de arroz pré-vaporizado de grão curto (carolino branco ou ariete)
  • Pimenta
  • Açafrão
  • Sal
  • Pimenta
  • Ramo de salsa fresca

Para quem gosta de cozinhar com a balança de precisão, esta receita pode tirar uma pessoa do sério.

As medidas e tempos são todos a olho pois dependem de uma série de valores que não são controláveis, nomeadamente a espessura do tacho, força do lume e atenção que prestamos ao tacho.

Eu faço este cozinhado sempre na continuação de um típico prato de polvo com todos, ocasião que aproveito para cozer o dobro do polvo que vou necessitar para essa refeição, mas esse fica para outra altura.

Da cozedura, guardem a água e o polvo que sobra para fazerem este prato quando tiverem 45 minutos para estar de guarda ao tacho.

Num tacho de fundo grosso juntem ao azeite a cebola e o alho finamente picados mais o arroz.

Como o polvo foi previamente cozinhado, não podemos cozinhá-lo com esta mistura, mas se pretenderem improvisar e em vez de polvo usar peixe, agora é o momento.

O lume deve ser mantido médio e a atenção alta enquanto se vai juntando a água da cozedura.

À medida que o cozinhado vai avançando podem ficar com a noção se irão necessitar de junta sal na mistura, o que devem fazer tendo em conta o tempero que deram previamente no polvo.

O liquido tem de ser mantido apenas o suficiente para cozinhar o arroz e ir-se mexendo para este o absorver.

O lume não pode estar tão alto que cozinhe o exterior do grão de arroz em demasia ficando mole e deixe o interior encruado, por isso aconselho-vos que provém o cozinhado de tempos a tempos para garantir a cozedura no ponto.

Quando estiver mesmo no fim, juntem uma pitada do açafrão à última porção de liquido e mexam até que o molho escorregue pelo arroz de forma lenta e sem que o arroz se afogue em liquido, dando-lhe um aspeto caramelizado.

Sirvam diretamente num prato fundo para cada pessoa, semeado com a salsa fresca picada.

A probabilidade é que a gula se apodere dos convivas, pelo que proponho que se preparem para servir doses repetidas.