Se esta Constituição da República Portuguesa não serve, inventa-se uma nova

Antes de mais, assentemos umas coisas sobre a Constituição da República Portuguesa, o Tribunal Constitucional e o Presidente da República Portuguesa:

  • A Constituição da República Portuguesa só pode ser mudada por maioria de dois terços da Assembleia da República. Eu também não gosto de barreiras e de ser contrariado, mas esta constituí a última barreira para que aquilo pelo qual os meus pais e avós lutaram não seja desfeito sem um largo consenso. O meu avô chegou a estar preso por mais de uma vez para termos uma Constituição da República Portuguesa como esta e para que não se alterasse quando dá jeito. É assim e é um facto com têm de contar até que convençam o que vos falta dos dois terços para a mudar.

Posto isto, pagamos aos senhores deputados, ministros e secretários de estado, não para dizer impropérios que criem clivagens em momentos que necessitamos de serenidade e coesão social e não de razões para estarmos ainda mais deprimidos. Precisamos sim que usem para o bem o cérebro que justifica o pagamento que recebem e para com as regras que apresentei resolver os problemas que temos.

Se os senhores ministros, senhores secretários de estado e os senhores deputados não gostam das regras podem fazer o que pedem aos seus cidadãos que façam: emigrem porque têm mais condições que muitos dos vossos concidadãos para vencer lá fora. Nós por cá nos governaremos com o que temos, como sempre temos feito.

Sobre os jornalistas, a água engarrafa e os jarros de vidro de 4680 euros

No dia 21 de Fevereiro de 2012 às 16:19 o Publico apresentava um artigo dos jornalistas Ricardo Garcia e Nicolau Ferreira sobre a recusa da substituição da água engarrafada por água da torneira. O meu entendimento é que houve falta de verificação de dados, apresentando como factos algo que nunca existiu.

Este artigo foi corrigido às 20h39 de 23 de Fevereiro por, pois, tal como o URL indica, não se tratavam de valores 30 vezes superiores, mas de 10 vezes superiores.

A minha dificuldade está em encontrar a informação que os senhores jornalistas utilizaram como base do seu artigo, primeiro porque o próprio deputado Pedro Farmhouse e o lider do seu grupo parlamentar ainda não responderam ao meu pedido de indicação de onde pode ser lida a proposta e segundo porque o próprio artigo refere uma proposta que o próprio site da Assembleia da Republica não apresenta.

Também as minhas tentativas de obter os dados relativos ao estudo referido pelo parecer da Assembleia da Republica se têm mostrado infrutíferas porque esta Administração também não responde aos meus pedidos.

É meu entendimento que os jornalistas tiveram acesso a uma informação que ou era pública, mas não foi tornada pública, ou se dirigiu exclusivamente a jornalistas, tendo o jornal publicado esta informação sem a verificar, o que a correção a que se viram obrigados sugere.

Também é meu entendimento que os jornalistas deveriam verificar os romances que lhes são entregues como factos antes de os apresentarem como tal, principalmente se vindos de forças políticas em disputa e que tentam a todo o custo controlar a disponibilidade mediática dos leitores com contra-informação que mais não serve do que cortina de fumo para os temas mais relevantes.

(Este texto seguiu para o Provedor do Leitor do Publico, a quem pedi que informasse onde podem ser lidos os dados e os racionais que apoiaram as afirmações do relato feito pelos jornalistas do Público)

Passos Coelho e os factos sobre a exposição mediática

Têm afirmado que a exposição do líder do PSD é superior e mais positiva que a de qualquer outro líder partidário. Enquanto até ontem considerei estas afirmações recheadas de partidarite e síndrome de Calimero, mudei de opinião com o texto que vos transcrevo na integra abaixo e que foi publicado com data de dia 30-5-2011 no site da Cision Portugal, S.A.:

Passos Coelho vence em mediatismo na 1ª semana da campanha eleitoral

Estudo Cision revela o protagonismo mediático dos candidatos às próximas eleições legislativas.

A Cision apresenta um estudo de protagonismo mediático centrado na exposição que os líderes dos partidos com assento parlamentar candidatos às Eleições Legislativas 2011, conseguiram na comunicação social durante a primeira semana da campanha eleitoral.
Passos Coelho foi o líder do protagonismo mediático na primeira semana da campanha eleitoral, apesar de Sócrates ter conseguido maior exposição na televisão.
A discussão gerada em torno da questão de um eventual novo referendo sobre a legalização do aborto, foi tema que marcou esta diferença.
O estudo apresentado reflete apenas a quantidade da exposição, não sendo possível saber pelo estudo se a exposição é positiva ou negativa para os líderes analisados e incide exclusivamente sobre os órgãos de comunicação social.
Para uma visão do resultado da exposição, podemos ver uma amostra tirada do Twitter no estudo que tem sido divulgado pelo Pedro Magalhães no seu Blog dedicado a estas matérias, o Margens de Erro.
Pedro Passos Coelho fez tudo para ter esta oportunidade, mas tudo o que fez depois de lha darem mostra que, mesmo com as condições perfeitas se pode deitar tudo a perder. Isto fica visível e será verdade se as tendências a longo prazo retiradas dos estudos se vierem a confirmar no dia 5 de Junho. É caso para dizer novamente: E agora, Senhor Pedro Passos Coelho?
No final o único vencedor disto tudo será o CDS-PP de Paulo Portas, que parece ter conseguido chegar-se ao centro.

PCP e BE concorrendo juntos podem ganhar as legislativas

A perspectiva de BE (Bloco de Esquerda) e PCP (Partido Comunista Português) se unirem num projecto de governação comum pode dar um novo fôlego à política portuguesa e uma esperança aos que pagam vezes sem conta os custos das crises. Pode dar razões para ir votar a quem já há muito deixou de ir.

Enquanto o PCP garante a sua votação quase sempre estável nos seguidores de um discurso que pouco ou nada mudou nos anos que passaram desde o 25 de Abril de 1974, o BE reforça no descontentamento a sua posição mais radical, enquanto na origem do seu discurso comunga com o PCP.

Como português e trabalhador, prefiro um grupo com um projecto político que sirva os interesses humanos e democráticos da maioria dos cidadãos, um projecto dito de esquerda, a um projecto que origina do servilismo confrangedor dos partidos do arco do poder aos interesses de poucos e que representam pouco mais que o capital e interesses económicos instalados.

Enquanto num cenário de eleições em que o CDS-PP e PSD concorrem coligados não haveria ganhos em relação a um cenário semelhante em que concorrem separados com a divulgação de um acordo pós-eleitoral, em cenários semelhantes para o BE e PCP a coisa muda de figura.

Se BE e PCP se apresentarem com um projecto que venha quebrar o ciclo vicioso de austeridade-cortes-crise, engulo as minhas discordâncias pessoais em relação ao discurso de Francisco Louçã.

Chumbo do PEC, demissão do Governo de Portugal e A ajuda externa

Vivemos tempos anormais. Está definitivamente perdida a noção de lógica e o pouco de coerência que sobrevivia aos ataques sucessivos dos representantes partidários.

Já nem para o Presidente da Republica nos podemos voltar.

O Governo pede a demissão porque não resulta legitimo prosseguir na sua política após votação da mesma pelos representantes do Povo.

Se não tem legitimidade política para prosseguir com as políticas que entendeu serem as melhores para o pais, também não deve aplicar outras que não acredita.

Espanto dos espantos, Presidente da Republica e demais agentes vêm tentar forçar a mão dos demissionários a tomar decisões em assuntos dos quais lhe retiraram a legitimidade.

Pede-se a alguém que não nos pretende representar nas condições que lhe estamos a impor que efectue as acções que levaram ao seu pedido de demissão.

Eu não o faria.

Adenda: A Assembleia da Republica, que foi quem retirou as condições pedidas pelo Governo para continuar a governar, tem feito recuar as medidas também tomadas pelo Governo, tome agora conta disto e decidam em vez de fecharem a loja como se nada se passasse.

Se ainda há alguém que queira tomar medidas de emergência, arranje lá maneira de invocar o estado de emergência como previsto pela constituição em lugar de mandar bitaites.